Sebastião Salgado: Legado de um Ícone da Fotografia
O mundo da fotografia perdeu um de seus maiores expoentes com a morte de Sebastião Salgado, aos 81 anos, conforme anunciado pela Academia de Belas Artes e pelo Instituto Terra. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, Salgado deixa um legado incomparável, marcado por imagens em preto e branco que capturam a essência da condição humana e a beleza frágil do planeta. Este artigo celebra sua vida, obra e impacto duradouro, enquanto reflete sobre a recente notícia de sua partida, causada por complicações de uma malária contraída na década de 1990.
Resumo da Vida e Obra de Sebastião Salgado
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (1944–2025) nasceu em uma fazenda em Aimorés, Minas Gerais, e inicialmente seguiu uma carreira em economia, graduando-se pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com mestrado na USP e doutorado na Universidade de Paris. Durante uma missão na África pela Organização Internacional do Café, em 1973, ele descobriu a fotografia ao usar a Leica de sua esposa, Lélia Wanick Salgado, que se tornaria sua parceira em projetos e vida.
Aos 29 anos, Salgado abandonou a economia para se dedicar ao fotojornalismo, trabalhando com agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos (1979–1994). Em 1994, fundou a Amazonas Imagens, gerenciada por Lélia, para publicar e administrar seu trabalho. Suas imagens em preto e branco, marcadas por alto contraste e composição dramática, refletem sua formação econômica e sensibilidade social, capturando desde as condições desumanas de trabalhadores até a beleza intocada da natureza.
Salgado viajou por mais de 120 países, documentando guerras, desigualdades, migrações e a luta pela preservação ambiental. Após testemunhar atrocidades em conflitos como o genocídio de Ruanda, ele voltou-se para projetos de preservação, fundando o Instituto Terra em 1998 com Lélia, que reflorestou mais de 600 hectares da Mata Atlântica. Essa experiência inspirou trabalhos como Gênesis (2004–2013), focado na natureza intocada e em comunidades indígenas.
Influência no Mundo da Fotografia
Sebastião Salgado revolucionou a fotografia documental ao combinar estética barroca com um olhar humanista. Suas imagens, sempre em preto e branco, eliminam distrações cromáticas para enfatizar o drama e a essência de seus temas, influenciadas pela técnica do “momento decisivo” de Henri Cartier-Bresson.
Sua abordagem, descrita como uma “arqueologia da era industrial”, trouxe uma nova perspectiva sobre a condição humana, destacando a dignidade dos marginalizados e denunciando desigualdades. Críticos como Susan Sontag o acusaram de estetizar a miséria, mas Salgado refutava, afirmando que fotografava “seu mundo” como um nativo do Terceiro Mundo, com profundo respeito por seus retratados.
Salgado inspirou gerações de fotógrafos a usar a fotografia como ferramenta de ativismo social e ambiental. Sua associação com a Magnum Photos solidificou sua reputação, e prêmios como o Prêmio Príncipe de Astúrias (1998), o W. Eugene Smith de Fotografia Humanitária (1982) e a indicação ao Oscar pelo documentário O Sal da Terra (2014), dirigido por Wim Wenders e seu filho Juliano, confirmam seu impacto global.
Trabalhos Mais Importantes
- Serra Pelada (1986): Esta série, capturada durante 33 dias na maior mina de ouro a céu aberto do mundo, no Pará, retrata as condições desumanas dos garimpeiros. As imagens, como a de um trabalhador carregando um saco de terra, evocam iconografia barroca e denunciam a exploração.

Explore a profundidade dessas imagens com o livro Serra Pelada, uma obra essencial para entender o impacto visual de Salgado.
- Trabalhadores (1986–1992): Publicado em 1996, este projeto documenta o trabalho manual em 26 países, de pescadores sicilianos a mineradores indonésios, destacando a resistência humana em condições adversas. A série é uma referência na fotografia social.

Conheça mais sobre essa obra-prima em Trabalhadores: Uma Arqueologia da Era Industrial, um livro que captura a essência do trabalho manual.
- Êxodos (1993–1999): Esta série retrata migrações forçadas, guerras e deslocamentos, com destaque para imagens de refugiados em Kosovo e crianças em crise humanitária. Publicada em 2000, é um marco do fotojornalismo humanista.
- Gênesis (2004–2013): Após anos documentando tragédias, Salgado voltou-se para a beleza do planeta, capturando paisagens intocadas e comunidades indígenas, como os Waurá no Xingu. Publicado em 2013, o projeto reflete sua luta pela preservação ambiental.

Mergulhe na beleza de Gênesis com o livro Gênesis, uma celebração da natureza e da humanidade.
- Amazônia (2019): Focado na floresta amazônica e seus povos indígenas, este projeto alerta para a destruição ambiental e a importância da biodiversidade. Suas imagens, exibidas em Londres em 2024, reforçam seu ativismo.
Reflexões sobre Sua Partida e Legado
A morte de Sebastião Salgado, anunciada em 23 de maio de 2025, deixa um vazio no mundo da arte e do ativismo. Sua luta contra as complicações da malária, contraída nos anos 1990, não diminuiu sua paixão pela fotografia e pela preservação ambiental. Em sua última entrevista, durante uma retrospectiva em Londres, ele afirmou: “A fotografia é o espelho da sociedade”. Suas imagens continuam a inspirar reflexão e ação, desafiando-nos a proteger a humanidade e o planeta.
Para os amantes da fotografia, explorar suas obras é uma jornada transformadora. Adquira livros como Serra Pelada, Trabalhadores e Gênesis para se conectar com a visão única de Salgado. Sua obra não é apenas um registro visual, mas um chamado à responsabilidade coletiva.
Sebastião Salgado não apenas documentou o mundo, mas o transformou com suas lentes. Suas fotografias, disponíveis em livros como Serra Pelada, Trabalhadores e Gênesis, são um convite à reflexão e à ação. Que seu legado inspire novas gerações a enxergar o mundo com empatia e responsabilidade.
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